Parceiro de longa data do PMI São Paulo, o Editor-Chefe da Mundo PM, Osmar Zózimo de Souza Jr, conversou com nossa equipe e salientou pontos importantes no desenvolvimento de equipes remotas e de projetos realmente inovadores, além da tendência que aponta a adoção definitiva de novos fluxos e modelos de trabalho de equipes de projetos.
Leitura imperdível. Confira a entrevista completa a seguir:
1) Você acompanha a evolução do gerenciamento de projetos bem de perto, com a atuação na Mundo PM. Qual é, para você, a mudança mais perceptível nesse último ano?
Zózimo – Na minha percepção, o impacto maior tem sido em relação às tecnologias: ao estar mais presente online nas atividades de equipes colaborativas, de equipes digitais, entendendo que o trabalho que é realizado de forma virtual tem tanta importância quanto o presencial.
O desafio é as equipes saberem trabalhar de forma home-office, imposta pela situação, e ao mesmo tempo quebrar seus paradigmas em relação ao trabalho remoto. Creio que o preconceito foi superado e vencido. O modelo se mostrou bastante eficaz em diversas situações, inclusive com maior entrega de produtividade.
Em equipes digitais, a adaptação passa por estabelecer metas, propósitos por semana. Isso exige organização do profissional e por isso a gestão de projetos se mostrou ainda mais importante, porque consegue colocar isso na linha do tempo. Tudo o que negligenciado tempos atrás, porque era resolvido on-demand, passou a ter que ser planejado, com objetivos e resultados de qualidade.
Percebo que o perfil do gestor de projeto foi mais valorizado, porque ele já estava acostumado a trabalhar em equipe multidisciplinares. Isso no ambiente digital foi acentuado e a adaptação do GP foi mais fácil, sem contar que ele também já tem o mindset de trabalhar com pacotes organizados e menores, algo que é mais requerido no ambiente digital. Acredito que a tendência é esse profissional ser ainda mais valorizado nos próximos anos, porque ele é mais dinâmico, mais auto-organizado para resolver problemas.
2) A pandemia exigiu que as equipes realmente integrassem seus processos para manter a entrega de resultado. Os gerentes de projetos estão prontos para essa nova fase? Como motivar squads remotos daqui para frente?
Zózimo – A pandemia acelerou a adoção de tecnologias emergentes. A inovação ficou mais presente e todo mundo alinhou o mindset para trabalhar de forma remota. O GP também tem que melhorar bastante suas habilidades, especialmente para sair do perfil de comando e controle, para um mais flexível, com mais propósitos e metas, com bom senso na rotina. Ele precisa saber passar e engajar a equipe através de propósitos e descrições de trabalho para a equipe, ser um líder, dando exemplo de como trabalhar, mas sendo flexível com relação à questão de horários, por exemplo.
Criar equipes com squads mais eficientes nesse ambiente, que vão do começo ao fim do projeto, é muito importante porque elas ficam alinhadas desde o começo da especificação, das ideias, à implementação e validação com o cliente. Isso faz com que você não tenha que brifar novas pessoas, reduzindo o tempo de warm-up e aumentando a produtividade.
Os Sprints também são tendência, pois são ciclos curtos de validação, mais palpáveis, para que os clientes percebam o que está sendo entregue evitando retrabalho. Squads e sprints são a maneira mais adequada para esse ambiente de trabalho digital. Os GPS mais tradicionais precisam se adaptar e melhorar esse perfil, para conseguir mostrar os propósitos, engajar as pessoas, entender os desafios no one-to-one e empoderá-las. É preciso ter uma gestão de projeto mais flexível, mais alinhada com o que tem que ser feito e o resultado esperado.
Claro que sempre há dificuldades, porque as pessoas tiveram que se adequar à nova forma de trabalho. Mas isso já foi superado nos últimos meses e os profissionais aprenderam a aproveitar o melhor de si para fazer entregas com mais impacto do que nos ambientes locais. Abriu a cabeça de muitas empresas e gestores de que é possível trabalhar de forma mais balanceada, com equilíbrio de qualidade de vida e entrega de trabalho.
Essa transformação acelerou o perfil do profissional do futuro, que consegue trabalhar de forma colaborativa, home-office, mas ao mesmo tempo com muito comprometimento, resultado e colaboração entre equipe.
3) As inscrições para o Prêmio Projeto e PMO do Ano 2020 já estão abertas. Se você tivesse que escolher um Projetos Inovador, mas para o Prêmio de 2021, que características levaria em consideração?
Zózimo – As categorias de projetos de inovação têm várias perspectivas, porque a inovação pode ser percebida de várias formas. Uma delas é na concepção do produto para o cliente (inovação incremental). A característica desse projeto de inovação é saber trabalhar com design thinking, design management e mapear essa jornada de trabalho em ciclos de validação olhando a dor do usuário final. Esse projeto se destacaria na premiação porque conseguiu envolver, talvez até em forma de co-criação, colaborativa, que melhora a entrega. O segredo é interagir com o cliente para entender o que tem que ser feito.
Do outro lado, há a inovação disruptiva, que consegue adotar novas tecnologias para ajudar a resolver problemas anteriores de formas diferentes (Uber, Airbnb, Google Maps, IOT). Todas essas tecnologias ajudam a repensar o problema e agora, de forma disruptiva, criar novas abordagens para atender às demandas desse cliente, se preciso com novos processos de negócio e fluxos de trabalho.
São duas distintas formas de inovação que precisam ser observadas e caracterizadas pelos líderes de projetos. Apesar de poderem ser complementares, têm uma forma de condução diferenciada. GP que busca projeto de inovação tem que perceber essas diferenças e saber escolher a melhor abordagem para que o projeto traga um melhor resultado incremental ou disruptivo.
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4) Você é parceiro de longa data do PMI São Paulo. Qual é sua avaliação do potencial transformador que o Capítulo tem desenvolvido ao longos dos anos?
Zózimo – O espírito de comunidade tomou uma importância muito grande, na forma do profissional se desenvolver, observar a dinâmica do mercado e se relacionar. Isso o PMI faz muito bem: reunir as pessoas em eventos, encontros que possibilitem enxergar ideias e caminhos diferentes para desenvolver a carreira. Quando você está mais isolado dessas comunidades você acaba tomando decisões baseado no “eu acho”, sendo que, quando se envolve, elas te ajudam a enxergar de forma mais ampla, em 360 graus, para entender melhor as variações que existem. Essa percepção agrega muita coisa e o PMI faz isso muito bem.
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